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21 de julho de 2019

ALMADA NEGREIROS - PINTURA - PORTUGAL



José Sobral de Almada Negreiros GOSE (TrindadeSão Tomé e Príncipe7 de Abril de 1893 — Lisboa15 de Junhode 1970) foi um artista multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas (desenho,pintura, etc.) e à escrita (romancepoesia, ensaiodramaturgia), ocupando uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses.
Almada Negreiros é uma figura ímpar no panorama artístico português do século XX. Essencialmente autodidata (não frequentou qualquer escola de ensino artístico), a sua precocidade levou-o a dedicar-se desde muito jovem ao desenho de humor. Mas a notoriedade que adquiriu no início de carreira prende-se acima de tudo com a escrita, interventiva ou literária. Almada teve um papel particularmente ativo na primeira vanguarda modernista, com importante contribuição para a dinâmica do grupo ligado à  Orpheu, sendo a sua ação determinante para que essa publicação não se restringisse à área das letras. Aguerrido, polémico, assumiu um papel central na dinâmica do futurismo em Portugal: "Se à introversão de Fernando Pessoa se deve o heroísmo da realização solitária da grande obra que hoje se reconhece, ao ativismo de Almada deve-se a vibração espetacular do «futurismo» português e doutras oportunas intervenções públicas, em que era preciso dar a cara"
Mas a intervenção pública de Almada e a sua obra não marcaram apenas o primeiro quartel do século XX. Ao contrário de companheiros próximos como Amadeo de Souza-Cardoso e Santa-Rita, ambos mortos em 1918, a sua ação prolongou-se ao longo de várias décadas, sobrepondo-se à da segunda e terceira geração de modernistas. A contundência das suas intervenções iniciais iria depois abrandar, cedendo o lugar a uma atitude mais lírica e construtiva que abriu caminho para a sua obra plástica e literária da maturidade. Eduardo Lourenço escreve: "Estranho arco de vida e arte o que une Almada «Futurista e tudo», Narciso do Egipto da provocante juventude, ao mago hermético certo de ter encontrado nos anos 40, «a chave» de si e do mundo no «número imanente do universo»"
Almada é também um caso particular no modo como se posicionou em termos de carreira artística. Esteve em Paris, como quase todos os candidatos a artista então faziam, mas fê-lo desfasado dos companheiros de geração e por um período curto, sem verdadeiramente se entrosar com o meio artístico parisiense. E se Paris foi para ele pouco mais do que um ponto de passagem, a sua segunda permanência no estrangeiro revelou-se ainda mais atípica. Residiu em Madrid durante vários anos e o seu regresso ficou associado à decisão de se centrar definitiva e exclusivamente em Portugal.
Ao longo da vida empenhou-se numa enorme diversidade de áreas e meios de expressão – desenho e pintura, ensaio, romance, poesia, dramaturgia… até o bailado –, que Fernando de Azevedo classifica de "fulgurante dispersão". Sem se fixar num domínio único e preciso, o que emerge é sobretudo a imagem do artista total, inclassificável, onde o todo supera a soma das partes. Também neste aspeto Almada se diferencia dos seus pares mais notáveis, Amadeo de Souza-Cardoso e Fernando Pessoa, cuja concentração num território único, exclusivo, foi condição necessária à realização das obras máximas que nos deixaram como legado.
Personalidade incontornável, a inserção de Almada Negreiros na vida e na cultura nacionais é extremamente complexa; segundo José Augusto França, dele fica sobretudo a imagem de "português sem mestre" e, também, tragicamente, "sem discípulos"


Os painéis de Almada que o Estado Novo quis apagar

Almada Negreiros começou a preparar os frescos do interior da Gare Marítima de Alcântara em 1943, ano da inauguração do edifício, representando ali cenas alegóricas da Lisboa ribeirinha e do Portugal rústico, a lenda da Nau Catrineta e o milagre de D. Fuas Roupinho. Estas propostas deixaram o engenheiro Duarte Pacheco “furioso e indignado”. O poderoso ministro das Obras Públicas esperava outra coisa para receber os estrangeiros, não aqueles “mamarrachos”.

Para opinião mais esclarecida, Salazar mandou chamar António Ferro, diretor do Secretariado de Propaganda Nacional, que conhecia Almada desde a aventura futurista da revista Orpheu e que com ele trabalhara em vários projetos e exposições do regime. Ferro defendeu o artista, enaltecendo a “magnífica” qualidade dos painéis de Alcântara. Conseguiu convencer o ditador.