5 de junho de 2012

LEONOR MORAIS - ILUSTRAÇÃO - LISBOA - PORTUGAL




 Nasci, vivo e trabalho em Portugal.
Estudei pintura, desenho e gravura na faculdade de belas artes de Lisboa e no Ar.co, centro de arte e comunicação visual. Estudei Shiatsu com Gill Hall e Paul Lundberg.
Tenho trabalhado com desenho, gravura, ilustração, shiatsu e educação.
No meu trabalho interessa-me a passagem de um estado a outro, o processo a metamorfose, os limites entre o fazer e o desfazer. A gravura foi essencial no desenvolvimento do meu trabalho pois funciona como um cozinhado processual em que a corrusão (o desfazer de uma material) dá forma a um desenho, a tinta é depositada no espaço onde já não há materia. A temporização é também essencial neste processo, desenha-se com a ajuda do tempo, o tempo da corrusão, é necessário abrir espaço suficiente para a tinta mas não demais ou a materia dissolve-se.
Ao imprimir objectos, cabelos, fios, rendas, redes, ninhos… continuo a explorar limites, rasgando e esmagando objectos abro novos espaços e tento fixá-los no papel. Cabelos como a ligação entre interior/exterior, local de limites e por vezes de tensão entre o dentro e o fora. Fios, rendas, redes, ninhos como estruturas teias e tramas a serem abertas transformadas e fixadas. Ao recolher, ampliar e fragmentar imagems até ao desfazer da sua forma inicial exploro outros limites e transformações.
Estes são algums dos elementos e processos a que recorro repetidamente, sendo que a própria repetição é essencial pois é através dela que nas mesmas formas algo se transforma se vai modificando lentamente de forma subtil mas essencial,. No desenho existe também uma propagação da linha que invade uma superficie seja esta papel corpo ou objecto, abrindo novos espaços novos territorios alterando a função dos objectos e atribuindo-lhes outra espécie de poder.
No desenho sou atraida por toda a espécie de detalhes gosto de Olhar de perto, dar vida aos desenhos feitos por cabelos,pó,sombras,nuvems, vento, Plantas que furam por entre as pedras, água que escorre por entre as rachas da parede, aberturas criadas pela necessidade de respirar de propagar raízes, folhas, água entranhada e cuspida pela parede criando manchas e formas, criaturas viscosas que vivem nos interstícios, nas entrelinhas.
Procuro a ligação entre interior e exterior, tal como a pele do corpo a pele do desenho revela o que vém de dentro sendo a linha apenas a ligação entre mundos o desenho é feito entre territorios e é acedido através do olhar.
No trabalho de Shiatsu, recorrendo ao interesse pelo conhecimento oriental em que este está inserido e á ligação ao desenho enquanto processo e modo de observação do mundo exterior e interior, procuro estimular o corpo a ter a vontade de se desenhar a ele próprio, a abrir espaço e a procurar uma maior fluidez e ligação entre corpo, mente e espirito.
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Respirar com o corpo todo, com todos os poros da pele, ver com a alma através do corpo, extende-la para além do corpo, trazer o mundo ao corpo e levar o corpo ao mundo. Ver e ser visto, olhar para o exterior como espelho do interior e servir de espelho para o mundo exterior.









































EXPOSIÇÕES

2010 Cascais Artspace,“ The Fountain”, Cascais
2010 “The Fountain”, Ermida de S. Mauro, Sta Maria, Açores
2010 Wind, Espaço ao cubo, Lisboa
2009 “Life essentials”, Artwhino, U.S.A
2009 “This is the end” Artecontempo, Lisboa
2009 “Cascais Artspace”, Cascais
2009 “Yourself Nature” Waves and woods, Lisboa
2009 “Are you having a crisis?” Hospital Julio the Matos, Lisboa
2009 Encounters, Yron Lisboa
2008 Eurocultured Manchester
2008 Contemporary printmaking, Museu de História Natural, Lisboa
2006 Musatour, Barcelona, Tokyo, Lisboa
2006 AR.CO(centro de arte e comunicação visual) C.C.B Lisboa
2005 Exposição AR.CO (centro de arte e comunicação visual) Almada
2002 Exposição individual de pintura e desenho, CCC ,Cascais
1997 Exposição individual de pintura e desenho Casa S. José da 



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Life essentials exhibition with Artwhino


















A exposição ENCOUNTERS "wedding through lines" é o nono projecto do espaço YRON e estará patente ao público de 15 de Janeiro a 7 de Março. Em ENCOUNTERS o YRON propõe um encontro entre os artistas pares YUP/Paulo Arraiano e Leonor Morais.
ENCOUNTERS marca um ritual de encontro entre vidas, partilhadas no desenho que é construído por linhas que se cruzam e se transformam constantemente. YUP/Paulo Arraiano e Leonor Morais desafiam a percepção do espaço numa celebração deste encontro, desafiando o diálogo e a partilha entre os seus mundos e histórias pessoais para a criação de novos caminhos artísticos. No YRON os ambos exploram a fusão plena do seu trabalho, num diálogo constante com o espaço e com as suas múltiplas dimensões.
























































Shiatsu
No trabalho de Shiatsu, recorrendo ao interesse pelo conhecimento oriental em que este está inserido e á ligação ao desenho enquanto processo e modo de observação do mundo exterior e interior, procuro estimular o corpo a ter a vontade de se desenhar a ele próprio, a abrir espaço e a procurar uma maior fluidez e ligação entre corpo, mente e espirito.
Respirar com o corpo todo, com todos os poros da pele, ver com a alma através do corpo, extende-la para além do corpo, trazer o mundo ao corpo e levar o corpo ao mundo. Ver e ser visto, olhar para o exterior como espelho do interior e servir de espelho para o mundo exterior.



Na íntima relação entre a música e a arte que a Faster Music quis estabelecer desde o seu início, e que se expressou através do convite ao designer Paulo Arraiano para construir a identidade gráfica da editora e a sua primeira capa, o segundo lançamento terá a grande honra de contar com o traço da artista Portuguesa Leonor Morais  para aquela que será a capa do primeiro tema de dubstep da Faster Music, o belissímo “Mermaid Dub”.








Entrevista a Leonor Morais.

PARQ: Este ano foi um ano muito rico em street art, está pre­sente nas prin­ci­pais arté­rias lis­bo­e­tas. A que se deve este súbito inte­resse por esta forma de arte?
LM: Não sei res­pon­der ao certo mas penso que seja um reflexo do que está a acon­te­cer há anos nou­tros paí­ses onde a street art tam­bém che­gou em força ao ponto de enti­da­des públi­cas e de algu­mas mar­cas (que fun­ci­o­nam como mece­nas dos nos­sos dias) apoi­a­rem e pos­si­bi­li­ta­rem os meios neces­sá­rios para serem rea­li­za­das peças de grande dimensão.
PARQ: Estudaste nas melho­res esco­las naci­o­nais onde a street art nunca é men­ci­o­nada, daí a per­gunta: como nas­ceu o teu inte­resse por esta expressão?
LM: A expres­são já exis­tia, só não tinha este nome. As gra­vu­ras rupes­tres, as pin­tu­ras murais, os meni­res, todas as escul­tu­ras no cen­tro das gran­des rotun­das, os baixo-​​relevos nas igre­jas e a arte pública em geral… A arte sem­pre esteve na rua e é uma forma de expres­são fun­da­men­tal ao ser humano. A street art de que se fala hoje não era quase men­ci­o­nada, mas já nos anos 60 a pop art pre­ten­dia tor­nar a arte mais aces­sí­vel e popu­lar. Andy Warhol era a figura prin­ci­pal e Basquiat o artista mais pró­ximo da rua. O meu inte­resse por esta expres­são sur­giu ini­ci­al­mente atra­vés de uma via­gem a Barcelona, onde encon­trei pin­tu­ras na rua um pouco por todo o lado. Depois foi outra via­gem, desta vez a Manchester, onde pin­tei com o Mar, o Ram, o Vhils, o Klit, o Dheo, a Sphiza e o Paulo Arraiano e senti um pra­zer enorme em par­ti­lhar a mesma parede numa con­versa sem palavras.

PARQ: Em que momento pas­saste para a grande dimen­são e para o espaço público? O que te trou­xe­ram de novo para o teu pro­cesso criativo?
LM: A nível de pro­cesso cri­a­tivo foi uma grande mudança. Como já disse, foi em Manchester, mais par­ti­cu­lar­mente num fes­ti­val de graf­fiti cha­mado Eurocultured, e na mon­tra do Urban Outfitters, tam­bém em Manchester. Apresentaram-​​se vários desa­fios: a par­ti­lha do mesmo espaço com outras pes­soas, a con­versa sem pala­vras, sen­tir as pes­soas a obser­va­rem e a entra­rem den­tro do pro­cesso cri­a­tivo… A ampli­a­ção de escala pos­si­bi­li­tou a impli­ca­ção do corpo todo no pro­cesso de dese­nho, o que deu ori­gem a uma maior aber­tura e liga­ção com o inte­rior do mesmo.
PARQ: No teu site refe­res que o shi­atsu foi um dos gran­des impul­si­o­na­do­res do teu tra­ba­lho por­que per­mite esta­be­le­cer uma rela­ção entre o teu inte­rior e o pro­cesso de cri­a­ção. Queres expli­car um pouco melhor?
LM: O shi­atsu permitiu-​​me conhe­cer melhor o meu corpo, os seus limi­tes, desafiá-​​lo e encon­trar zonas de liber­dade. Permitiu-​​me sen­tir a forma como pro­cessa con­teú­dos, a liga­ção entre o den­tro e o fora, as por­tas de entrada e as por­tas de saída. Senti no meu corpo res­pos­tas a per­gun­tas que há muito esta­vam pre­sen­tes na minha cabeça. O shi­atsu deu sen­tido a pala­vras que esta­vam a fer­men­tar sem encon­tra­rem saída. Ajuda-​​me a abrir, a viver e a fechar o pro­cesso de um dese­nho que, enquanto se desen­rola, tam­bém está a desen­ro­lar coi­sas den­tro de mim.


PARQ: Quando vais para um campo de inter­ven­ção, tra­zes um dese­nho pré-​​concebido ou ele acaba por sur­gir ao longo do pro­cesso criativo?
LM: O dese­nho apa­rece ao longo do pro­cesso, gosto de acre­di­tar que ele já lá está e que ape­nas lhe estou a dar vida.
PARQ: No caso do pro­jecto que desen­vol­veste para o Saldanha den­tro da Pampero Public Art 2010, como se deu o desen­vol­vi­mento da ideia?
LM: Neste caso – como em todos os outros tra­ba­lhos – ape­sar de me ter sido dada uma escala com a qual nunca me tinha depa­rado, não fiz pro­jecto por­que não que­ria ir con­tra o meu pro­cesso de tra­ba­lho. Se o fizesse, per­dia para mim todo o inte­resse, dei­xava de ter liber­dade e aber­tura para ouvir o espaço e o momento.


PARQ: Quais os prin­ci­pais desa­fios que tiveste que ven­cer neste projecto?
LM: Os desa­fios foram mui­tos, a escala era bem para lá da dimen­são e do alcance do meu corpo, teria que me trans­for­mar num gigante. Para con­se­guir fazer o tra­ba­lho tive que apren­der a con­du­zir uma máquina, que se trans­for­mou na exten­são do meu corpo, e tive que lidar com um obs­tá­culo: um can­de­eiro. Inicialmente foi o pânico, o cora­ção a dis­pa­rar, o estô­mago a rejei­tar o cons­tante aba­nar, o enjoar… Mas lá me habi­tuei à máquina, com a ajuda incrí­vel de todos e todas. Usei canas para aumen­tar os meus bra­ços, um exten­sor para o rolo e música para me acom­pa­nhar, quando estava sozi­nha. Muitas vezes, o Bruno – a quem agra­deço do cora­ção – acompanhou-​​me em pin­tu­ras e altu­ras… Foi um pra­zer e uma adre­na­lina incrí­veis abra­çar este desa­fio e sen­tir o suporte de todos: do Sandro Resende (que me con­vi­dou e acre­di­tou que era pos­sí­vel), do Zé do P28, da CML na pre­sença da Inês, do Paulo Arraiano (o outro artista que estava a pin­tar ao dobrar da esquina), do Duarte, do pes­ca­dor da Trafaria que ofe­re­ceu uma rede da sua arte, e de todos os des­co­nhe­ci­dos e conhe­ci­dos que lá de baixo dese­ja­vam boa sorte e davam suporte. Bem Hajam!


ENTREVISTA FEITA PELA PARQ MAGAZINE