Nasci, vivo e trabalho em Portugal.
Estudei pintura, desenho e gravura na faculdade de belas artes de Lisboa e no Ar.co, centro de arte e comunicação visual. Estudei Shiatsu com Gill Hall e Paul Lundberg.
Tenho trabalhado com desenho, gravura, ilustração, shiatsu e educação.
No meu trabalho interessa-me a passagem de um estado a outro, o processo a metamorfose, os limites entre o fazer e o desfazer. A gravura foi essencial no desenvolvimento do meu trabalho pois funciona como um cozinhado processual em que a corrusão (o desfazer de uma material) dá forma a um desenho, a tinta é depositada no espaço onde já não há materia. A temporização é também essencial neste processo, desenha-se com a ajuda do tempo, o tempo da corrusão, é necessário abrir espaço suficiente para a tinta mas não demais ou a materia dissolve-se.
Ao imprimir objectos, cabelos, fios, rendas, redes, ninhos… continuo a explorar limites, rasgando e esmagando objectos abro novos espaços e tento fixá-los no papel. Cabelos como a ligação entre interior/exterior, local de limites e por vezes de tensão entre o dentro e o fora. Fios, rendas, redes, ninhos como estruturas teias e tramas a serem abertas transformadas e fixadas. Ao recolher, ampliar e fragmentar imagems até ao desfazer da sua forma inicial exploro outros limites e transformações.
Estes são algums dos elementos e processos a que recorro repetidamente, sendo que a própria repetição é essencial pois é através dela que nas mesmas formas algo se transforma se vai modificando lentamente de forma subtil mas essencial,. No desenho existe também uma propagação da linha que invade uma superficie seja esta papel corpo ou objecto, abrindo novos espaços novos territorios alterando a função dos objectos e atribuindo-lhes outra espécie de poder.
No desenho sou atraida por toda a espécie de detalhes gosto de Olhar de perto, dar vida aos desenhos feitos por cabelos,pó,sombras,nuvems, vento, Plantas que furam por entre as pedras, água que escorre por entre as rachas da parede, aberturas criadas pela necessidade de respirar de propagar raízes, folhas, água entranhada e cuspida pela parede criando manchas e formas, criaturas viscosas que vivem nos interstícios, nas entrelinhas.
Procuro a ligação entre interior e exterior, tal como a pele do corpo a pele do desenho revela o que vém de dentro sendo a linha apenas a ligação entre mundos o desenho é feito entre territorios e é acedido através do olhar.
No trabalho de Shiatsu, recorrendo ao interesse pelo conhecimento oriental em que este está inserido e á ligação ao desenho enquanto processo e modo de observação do mundo exterior e interior, procuro estimular o corpo a ter a vontade de se desenhar a ele próprio, a abrir espaço e a procurar uma maior fluidez e ligação entre corpo, mente e espirito.
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Respirar com o corpo todo, com todos os poros da pele, ver com a alma através do corpo, extende-la para além do corpo, trazer o mundo ao corpo e levar o corpo ao mundo. Ver e ser visto, olhar para o exterior como espelho do interior e servir de espelho para o mundo exterior.
EXPOSIÇÕES
2010 Cascais Artspace,“ The Fountain”, Cascais
2010 “The Fountain”, Ermida de S. Mauro, Sta Maria, Açores
2010 Wind, Espaço ao cubo, Lisboa
2009 “Life essentials”, Artwhino, U.S.A
2009 “This is the end” Artecontempo, Lisboa
2009 “Cascais Artspace”, Cascais
2009 “Yourself Nature” Waves and woods, Lisboa
2009 “Are you having a crisis?” Hospital Julio the Matos, Lisboa
2009 Encounters, Yron Lisboa
2008 Eurocultured Manchester
2008 Contemporary printmaking, Museu de História Natural, Lisboa
2006 Musatour, Barcelona, Tokyo, Lisboa
2006 AR.CO(centro de arte e comunicação visual) C.C.B Lisboa
2005 Exposição AR.CO (centro de arte e comunicação visual) Almada
2002 Exposição individual de pintura e desenho, CCC ,Cascais
1997 Exposição individual de pintura e desenho Casa S. José da
A exposição ENCOUNTERS "wedding through lines" é o nono projecto do espaço YRON e estará patente ao público de 15 de Janeiro a 7 de Março. Em ENCOUNTERS o YRON propõe um encontro entre os artistas pares YUP/Paulo Arraiano e Leonor Morais.
ENCOUNTERS marca um ritual de encontro entre vidas, partilhadas no desenho que é construído por linhas que se cruzam e se transformam constantemente. YUP/Paulo Arraiano e Leonor Morais desafiam a percepção do espaço numa celebração deste encontro, desafiando o diálogo e a partilha entre os seus mundos e histórias pessoais para a criação de novos caminhos artísticos. No YRON os ambos exploram a fusão plena do seu trabalho, num diálogo constante com o espaço e com as suas múltiplas dimensões.
Shiatsu
No trabalho de Shiatsu, recorrendo ao interesse pelo conhecimento oriental em que este está inserido e á ligação ao desenho enquanto processo e modo de observação do mundo exterior e interior, procuro estimular o corpo a ter a vontade de se desenhar a ele próprio, a abrir espaço e a procurar uma maior fluidez e ligação entre corpo, mente e espirito.
Respirar com o corpo todo, com todos os poros da pele, ver com a alma através do corpo, extende-la para além do corpo, trazer o mundo ao corpo e levar o corpo ao mundo. Ver e ser visto, olhar para o exterior como espelho do interior e servir de espelho para o mundo exterior.
Na íntima relação entre a música e a arte que a Faster Music quis estabelecer desde o seu início, e que se expressou através do convite ao designer Paulo Arraiano para construir a identidade gráfica da editora e a sua primeira capa, o segundo lançamento terá a grande honra de contar com o traço da artista Portuguesa Leonor Morais para aquela que será a capa do primeiro tema de dubstep da Faster Music, o belissímo “Mermaid Dub”.
Entrevista a Leonor Morais.
PARQ: Este ano foi um ano muito rico em street art, está presente nas principais artérias lisboetas. A que se deve este súbito interesse por esta forma de arte?
LM: Não sei responder ao certo mas penso que seja um reflexo do que está a acontecer há anos noutros países onde a street art também chegou em força ao ponto de entidades públicas e de algumas marcas (que funcionam como mecenas dos nossos dias) apoiarem e possibilitarem os meios necessários para serem realizadas peças de grande dimensão.
PARQ: Estudaste nas melhores escolas nacionais onde a street art nunca é mencionada, daí a pergunta: como nasceu o teu interesse por esta expressão?
LM: A expressão já existia, só não tinha este nome. As gravuras rupestres, as pinturas murais, os menires, todas as esculturas no centro das grandes rotundas, os baixo-relevos nas igrejas e a arte pública em geral… A arte sempre esteve na rua e é uma forma de expressão fundamental ao ser humano. A street art de que se fala hoje não era quase mencionada, mas já nos anos 60 a pop art pretendia tornar a arte mais acessível e popular. Andy Warhol era a figura principal e Basquiat o artista mais próximo da rua. O meu interesse por esta expressão surgiu inicialmente através de uma viagem a Barcelona, onde encontrei pinturas na rua um pouco por todo o lado. Depois foi outra viagem, desta vez a Manchester, onde pintei com o Mar, o Ram, o Vhils, o Klit, o Dheo, a Sphiza e o Paulo Arraiano e senti um prazer enorme em partilhar a mesma parede numa conversa sem palavras.
PARQ: Em que momento passaste para a grande dimensão e para o espaço público? O que te trouxeram de novo para o teu processo criativo?
LM: A nível de processo criativo foi uma grande mudança. Como já disse, foi em Manchester, mais particularmente num festival de graffiti chamado Eurocultured, e na montra do Urban Outfitters, também em Manchester. Apresentaram-se vários desafios: a partilha do mesmo espaço com outras pessoas, a conversa sem palavras, sentir as pessoas a observarem e a entrarem dentro do processo criativo… A ampliação de escala possibilitou a implicação do corpo todo no processo de desenho, o que deu origem a uma maior abertura e ligação com o interior do mesmo.
PARQ: No teu site referes que o shiatsu foi um dos grandes impulsionadores do teu trabalho porque permite estabelecer uma relação entre o teu interior e o processo de criação. Queres explicar um pouco melhor?
LM: O shiatsu permitiu-me conhecer melhor o meu corpo, os seus limites, desafiá-lo e encontrar zonas de liberdade. Permitiu-me sentir a forma como processa conteúdos, a ligação entre o dentro e o fora, as portas de entrada e as portas de saída. Senti no meu corpo respostas a perguntas que há muito estavam presentes na minha cabeça. O shiatsu deu sentido a palavras que estavam a fermentar sem encontrarem saída. Ajuda-me a abrir, a viver e a fechar o processo de um desenho que, enquanto se desenrola, também está a desenrolar coisas dentro de mim.
PARQ: Quando vais para um campo de intervenção, trazes um desenho pré-concebido ou ele acaba por surgir ao longo do processo criativo?
LM: O desenho aparece ao longo do processo, gosto de acreditar que ele já lá está e que apenas lhe estou a dar vida.
PARQ: No caso do projecto que desenvolveste para o Saldanha dentro da Pampero Public Art 2010, como se deu o desenvolvimento da ideia?
LM: Neste caso – como em todos os outros trabalhos – apesar de me ter sido dada uma escala com a qual nunca me tinha deparado, não fiz projecto porque não queria ir contra o meu processo de trabalho. Se o fizesse, perdia para mim todo o interesse, deixava de ter liberdade e abertura para ouvir o espaço e o momento.
PARQ: Quais os principais desafios que tiveste que vencer neste projecto?
LM: Os desafios foram muitos, a escala era bem para lá da dimensão e do alcance do meu corpo, teria que me transformar num gigante. Para conseguir fazer o trabalho tive que aprender a conduzir uma máquina, que se transformou na extensão do meu corpo, e tive que lidar com um obstáculo: um candeeiro. Inicialmente foi o pânico, o coração a disparar, o estômago a rejeitar o constante abanar, o enjoar… Mas lá me habituei à máquina, com a ajuda incrível de todos e todas. Usei canas para aumentar os meus braços, um extensor para o rolo e música para me acompanhar, quando estava sozinha. Muitas vezes, o Bruno – a quem agradeço do coração – acompanhou-me em pinturas e alturas… Foi um prazer e uma adrenalina incríveis abraçar este desafio e sentir o suporte de todos: do Sandro Resende (que me convidou e acreditou que era possível), do Zé do P28, da CML na presença da Inês, do Paulo Arraiano (o outro artista que estava a pintar ao dobrar da esquina), do Duarte, do pescador da Trafaria que ofereceu uma rede da sua arte, e de todos os desconhecidos e conhecidos que lá de baixo desejavam boa sorte e davam suporte. Bem Hajam!
ENTREVISTA FEITA PELA PARQ MAGAZINE