Estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, em 1959, onde se interessou mais pela vida cultural do que pela vida académica. Em 1967 realiza a sua primeira exposição individual de pintura na galeria Buchholz, Lisboa. O desejo de fuga da tela transparece nos primeiros trabalhos de Helena Almeida, onde tenta romper com os limites da pintura e sair do suporte, transgredindo de forma literal os limites do espaço da obra de arte.
Filha do escultor Leopoldo de Almeida (1898 - 1975) Helena Almeida nasce em Lisboa em 1934. Em 1955 termina o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa; já então casada com o arquiteto Artur Rosa e mãe de dois filhos, irá dedicar os anos imediatos às tarefas familiares. Em 1964 obtém uma bolsa de estudos e desloca-se a Paris.
Expõe individualmente pela primeira vez em 1967 (Galeria Buchholz, Lisboa), apresentando trabalhos que revelam já alguns traços da obra futura; nessas suas pinturas tridimensionais, inverte as componentes físicas da pintura ("o que estava virado para a frente era o gradeamento e a estrutura de madeira"), adicionando-lhes uma série de elementos tridimensionais (estore; portada). Estamos assim, desde o início, perante um exercício crítico através do qual "desmonta a estrutura lógica e a perceção da pintura".[4]
Informado pelos princípios da arte concetual, esse exercício crítico irá extravasar para além do território restrito da pintura e do desenho, realizando-se numa prática multidisciplinar articulada primeiramente com o suporte fotográfico (segundo João Pinharanda, "a fotografia é a placa central do seu discurso"), mas que se cruza identicamente com a performance e a escultura.[5]
A partir de 1969 Helena Almeida define um novo aspeto nuclear da sua obra, o desejo de autorrepresentação, "o desejo de que a pintura e o desenho se tornem corpo, de que se anule a distância entre corpo e obra". No início da década de 1970 interroga o desenho, que se torna em balão de ensaio do que estava para vir. A utilização de fio de crina permite-lhe "tornar o traço tridimensional e fazer com que o desenho salte do papel, se autonomize da superfície". O questionamento estende-se depois à pintura, materializada agora através de manchas azuis ou vermelhas que se independentizam, preenchendo a boca, espalhando-se (ou sendo espalhadas) pelas mãos… Nas suas Pinturas habitadas de 1975-77 a pintura "agarra-se com as mãos, entra pela boca ou derrama-se numa lágrima. Em 1976 a artista afirmava: «creio estar perto da verdade se disser que pinto a pintura e desenho o desenho»".[6]
Filha do escultor Leopoldo de Almeida (1898 - 1975) Helena Almeida nasce em Lisboa em 1934. Em 1955 termina o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa; já então casada com o arquiteto Artur Rosa e mãe de dois filhos, irá dedicar os anos imediatos às tarefas familiares. Em 1964 obtém uma bolsa de estudos e desloca-se a Paris.
Expõe individualmente pela primeira vez em 1967 (Galeria Buchholz, Lisboa), apresentando trabalhos que revelam já alguns traços da obra futura; nessas suas pinturas tridimensionais, inverte as componentes físicas da pintura ("o que estava virado para a frente era o gradeamento e a estrutura de madeira"), adicionando-lhes uma série de elementos tridimensionais (estore; portada). Estamos assim, desde o início, perante um exercício crítico através do qual "desmonta a estrutura lógica e a perceção da pintura".[4]
Informado pelos princípios da arte concetual, esse exercício crítico irá extravasar para além do território restrito da pintura e do desenho, realizando-se numa prática multidisciplinar articulada primeiramente com o suporte fotográfico (segundo João Pinharanda, "a fotografia é a placa central do seu discurso"), mas que se cruza identicamente com a performance e a escultura.[5]
A partir de 1969 Helena Almeida define um novo aspeto nuclear da sua obra, o desejo de autorrepresentação, "o desejo de que a pintura e o desenho se tornem corpo, de que se anule a distância entre corpo e obra". No início da década de 1970 interroga o desenho, que se torna em balão de ensaio do que estava para vir. A utilização de fio de crina permite-lhe "tornar o traço tridimensional e fazer com que o desenho salte do papel, se autonomize da superfície". O questionamento estende-se depois à pintura, materializada agora através de manchas azuis ou vermelhas que se independentizam, preenchendo a boca, espalhando-se (ou sendo espalhadas) pelas mãos… Nas suas Pinturas habitadas de 1975-77 a pintura "agarra-se com as mãos, entra pela boca ou derrama-se numa lágrima. Em 1976 a artista afirmava: «creio estar perto da verdade se disser que pinto a pintura e desenho o desenho»".[6]
A partir de 1975 fotografia, pintura e desenho conjugam-se numa prática artística que se constrói "nos limiares de todas essas disciplinas, criando a sua própria linguagem e com o corpo da artista como primeiro suporte de intervenção plástica"[7]. No entanto em nenhum caso poderá falar-se de autorretrato – estas obras "nada nos dizem sobre o corpo concreto ou a natureza psicológica da artista"[8] –, nem de teatralização ou encenação de outros personagens.
Se a pintura e o desenho são essenciais para o entendimento do trabalho de Helena Almeida nas décadas de 1970 e 1980, a escultura e a performance são as linguagens a que devemos recorrer para pensar muitas das obras posteriores onde se foca na relação entre o corpo e o espaço, nomeadamente o espaço do seu ateliê[9]. É o que acontece em Dentro de mim, 2001, em que cola um espelho estreito, vertical, ao seu corpo, afirmando "o desejo de que o corpo se prolongue, que saia e ultrapasse os seus limites físicos", ou na série Voar, do mesmo ano, onde arrisca uma vez mais "a relação entre o seu corpo e o espaço, de modo simultaneamente irónico e lúdico. O desejo de ultrapassar os limites físicos está novamente presente, mas agora é este próprio desejo que é submetido a um exercício de autocrítica ou autoironia" [10].
"Ando em círculo; os ciclos voltam. O trabalho nunca está completo, tem de se voltar a fazer. O que me interessa é sempre o mesmo: o espaço, a casa, o teto, o canto, o chão; depois, o espaço físico da tela, mas o que eu quero é tratar de emoções.